

Tratamento cirúrgico da epilepsia
De um modo bastante prático, as crises epilépticas podem ser classificadas em:
1- crises de origem focal
2- crises de origem generalizada
1- Crises focais


As crises focais originam-se a partir de uma área limitada do cérebro (foco), podendo ser no lobo frontal, parietal, temporal, occipital ou ínsula. Ocasionalmente o foco pode envolver mais de um lobo cerebral.
A partir deste foco, a crise pode propagar para outras áreas do mesmo hemisfério (1), propagar para o outro hemisfério (2) ou propagar para estruturas mais profundas do cérebro (tálamo) e causar a "generalização secundária (3)(4)".
Teoricamente, se for possível determinar a localização exata do foco epiléptico e removê-lo por meio de cirurgia sem causar sequelas, o paciente pode ficar curado das crises epilépticas.


2- Crises primariamente generalizadas


As crises primariamente generalizadas originam-se de regiões profundas do cérebro. O tratamento cirúrgico visa diminuir a frequência as crises sem no entanto eliminar a origem das crises (foco).
Quando as crises tornam-se persistentes mesmo com o uso adequado de medicamentos anticonvulsivantes, o tratamento cirúrgico deve ser considerado tanto para as crises focais como para as crises primariamente generalizadas.
O foco epiléptico pode ser determinado por meio de seguintes métodos, sendo que na maioria das vezes é necessária a combinação de métodos:
História clínica e eletroencefalograma (EEG)
Ressonância nuclear magnética de encéfalo
Monitorização por vídeo-EEG
Spect ictal e interictal
PET-CT ou PET-RM
Avaliação neuropsicológica
Teste de Wada
Os principais tipos de cirurgia para as crises focais
As lesões mais frequentemente relacionadas às crises parciais e que podem ser curadas com a cirurgia são: alguns tipos de tumor cerebral, malformação do tecido cerebral, cavernoma, malformação artério-venosa, sequela de isquemias ou abscessos cerebrais e encefalites, esclerose mesial temporal, síndrome de Rasmussen, hemimegalencefalia e síndrome de Sturge-Weber. Todas as cirurgias foram realizadas pelo Dr. Wen Hung Tzu.
Tumores cerebrais
Alguns exemplos de tumores cerebrais associados às crises epilépticas (ganglioglioma, oligodendroglioma, DNET e astrocitoma grau 2) foram apresentados na seção "cirurgia em tumores cerebrais".








Tumor neuroglial grau 1 (OMS)
Homem de 33 anos com crises desde os 10 meses de idade e tumor cerebral temporal esquerdo.
Ressonância após a cirurgia no cérebro e remoção total do tumor. Ele ficou curado da epilepsia.
Homem de 23 anos com crises epilépticas durante o sono desde 12 anos de idade, com tumor temporal posterior esquerdo.
Ressonância após a cirurgia no cérebro e completa remoção do tumor. Ele se curou da epilepsia.
Malformações do tecido cerebral




Encefalocele
Homem de 30 anos com epilepsia desde os 17 anos. O círculo indica a encefalocele temporal esquerda.
Ressonância após a cirurgia no cérebro com a remoção da encefalocele. Ele ficou curado da epilepsia.




Displasia cortical
Menino de 7 anos com epilepsia desde os 3 anos de idade. O círculo indica a displasia cortical focal.
Ressonância após a cirurgia no cérebro e remoção da displasia. Ele ficou curado da epilepsia.




Displasia cortical focal
Menino de 1 ano e 8 meses com epilepsia desde o nascimento. O círculo indica a displasia cortical focal.
Ressonância após a cirurgia no cérebro com a remoção total da displasia. O menino está livre da epilepsia.
Displasia cortical focal




Menino de 7 meses de idade com epilepsia desde 10 dias de vida. Extensa displasia temporal e occipital esquerda (em vermelho).
Ressonância após a cirurgia no cérebro com a desconexão dos lobos temporal, occipital e parietal esquerdos, sem a remoção dos mesmos. A seta indica a linha de desconexão.
Cavernoma e malformação artério-venosa (MAV)
Vários exemplos de cavernoma e MAV estão nas seções "cirurgia para cavernoma" e "cirurgia para aneurisma cerebral and MAV".




Esclerose tuberosa




Glioma angiocêntrico grau 1
Ressonância de menina de 13 anos com epilepsia há 3 anos, com tumor temporal medial esquerdo (círculo).
Ressonância após a cirurgia no cérebro com a remoção completa do tumor. Ela ficou curada da epilepsia.




Teratoma maduro
Ressonância de homem de 31 anos com epilepsia de difícil controle e com um volumoso tumor fronto-temporal esquerdo.
Ressonância após a cirurgia no cérebro com a remoção total do tumor. Ele se curou da epilepsia também.




Displasia cortical focal






Epilepsia como sequela de isquemia cerebral
Ressonância de menina de 10 anos com epilepsia desde os 2 anos. Tem túberes nos lobos temporal e occipital esquerdos (círculos).
Ressonância após a cirurgia no cérebro e remoção total dos túberes. Ela ficou curada da epilepsia.
Ressonância de menino de 13 anos com epilepsia desde os 2 anos. O círculo mostra a displasia cortical focal fronto-insular esquerda.
Ressonância após a cirurgia no cérebro e remoção total da displasia cortical focal. Ele ficou curado da epilepsia.
Ressonância de menino de 16 anos com epilepsia desde os 13 anos. Apresenta sinais de sequela de isquemia frontal esquerda.
Foto intraoperatória com o uso de placa subdural para determinar a localização do foco epiléptico, da área responsável pela fala e a extensão da ressecção cirúrgica.
Ressonância após a cirurgia no cérebro com a remoção do foco epiléptico, preservando a fala e a motricidade. Ele não teve mais crises epilépticas.
Epilepsia como sequela de abscesso cerebral




Ressonância de menina de 3 anos com epilepsia há 2 anos, sequela de meningite e abscesso cerebral (círculo).
Ressonância após a cirurgia no cérebro e remoção da área cerebral responsável pela epilepsia. Ela ficou sem epilepsia.
E quando um hemisfério cerebral inteiro é o foco da epilepsia?
Esclerose temporal mesial ou esclerose hipocampal






Ressonância de moça de 18 anos com epilepsia de difícil controle desde os 12 anos. O círculo indica a esclerose hipocampal direita.
Ressonância coronal após a cirurgia no cérebro e remoção da amígdala e hipocampo. Ela ficou livre da epilepsia.
Ressonância axial após a cirurgia no cérebro e remoção da amígdala e hipocampo. Ela se curou da epilepsia.
Quando possível, realizamos a hemisferotomia, desconectando todo o hemisfério cerebral doente do resto do cérebro.
A técnica "Transsylvian Transopercular Peri-central Core Hemispherotomy", desenvolvida ao longo de 20 anos e descrita pelo Dr. Wen Hung Tzu na mais conceituada revista da Neurocirurgia mundial, Journal of Neurosurgery, em 2024, oferece o melhor resultado do mundo em termos de controle da epilepsia e menor taxa de complicações (seção "Principais Publicações").
Síndrome de Rasmussen


Ressonância de menina de 8 anos com epilepsia de difícil controle desde 3 anos de idade. Há acentuada atrofia de todo o hemisfério cerebral esquerdo (círculo vermelho).


Ressonância após a cirurgia no cérebro (hemisferotomia). Ela ficou livre da epilepsia.
Hemimegalencefalia




Ressonância de menina de 3 anos com epilepsia de difícil controle desde os 6 meses de vida. O círculo mostra o hemisfério cerebral esquerdo malformado e aumentado de tamanho.
Ressonância após a cirurgia no cérebro (hemisferotomia). Ela ficou livre da epilepsia.
Sequela de isquemia cerebral




Ressonância de moça de 18 anos com isquemia cerebral extensa aos 7 meses de idade e epilepsia de difícil controle aos 7 anos.
Ressonância após a cirurgia no cérebro (hemisferotomia). Ela ficou livre de epilepsia.
Síndrome de Sturge Weber






Ressonância de menina de 4 anos com epilepsia desde 2o dia de vida e atrofia do hemisfério cerebral direito.
Tomografia com extensas calcificações subcorticais (branco).
Ressonância após a cirurgia no cérebro e hemisferotomia direita. Ela ficou curada da epilepsia.
Tipos de cirurgias para crises primariamente generalizadas
Crises de queda (drop attacks)
Calosotomia posterior




Ressonância de homem de 34 anos com epilepsia iniciada aos 10 meses e crises de queda iniciadas aos 10 anos de idade. A ressonância é normal.
Ressonância após a cirurgia no cérebro (calosotomia posterior). Ele ficou livre das crises de queda e houve melhora de outros tipos de crises também.
Estimulador de nervo vago
Nesta cirurgia são feitas 2 pequenas incisões, uma na prega do lado esquerdo do pescoço e outra na região do tórax, abaixo da clávicula esquerda. O eletrodo é enrolado em volta do nervo vago esquerdo no pescoço e é conectado a um gerador que ficará escondido embaixo da pele, abaixo da clavícula. O estimulador do nervo vago emitirá periodicamente impulsos elétricos para o cérebro via nervo vago, "anulando" o impulso elétrico das crises epilépticas.
Outras crises multifocais ou primariamente generalizadas

